Ando em meio à robôs mortos. Deles nada se extrai, nenhum sentimento humano (exceto os já definidos pelos programadores). Vivo através de uma legião de corpos, de comportamentos automáticos. Robôs que nada sentem e que de nada se lembram. São “humanos esquecidos”, enrijecidos, enganados quanto à sua condição. Pensam que vivem, que amam e que pensam. Se perderam através dos tempos, se perderam através dos textos e das imagens.
Vivo em meio à robôs que não se reconhecem, que compram seus sentimentos, suas falsas pílulas de felicidade, e, acreditam assim, ser a expressão mais palpável do divino. Esses robôs preenchem a vida de friza, de sorrisos amarelos e idéias de plástico. Não se reconhecem.
Estão todos mortos, pois não percebem. Inventam outras vidas robóticas, metáforas de um ser humano distante e inequívoco, porém invisível. Almejam, curiosamente, a ser um objeto da sua própria casa: uma mesa, um sofá ou qualquer outro que tenha a eterna companhia da televisão.